7/24/2015

Passaro sem Canto

Não quero mais pular carnaval
Não quero mais rezar ave Maria
Nem dançar arraial
Já dancei demais, já rezei demais.

Agora eu quero o aconchego do lar
Com cheirinho de livro novo
E café moído na hora
Com sabor de nostalgia

Já chega de sentimentos tolos
Pois o poeta se perdeu no caminho
Pare direta, esquerda.
Stop

Agora esta tudo calmo, sereno.
Que me tragam flores e vinho
Que das poesias mais do que linhas
Entre linhas, um eco um som... um sentido


7/09/2015

Recanto

Sob o som do silencio
Vem minha inspiração
Que não venha ninguém atrapalhar
Com gracejos idiotas meu recanto de paz

Palavras repetidas, sentimentos esquecidos.
Eu sigo a escrever, não porque preciso.
Mas porque não seria nada sem a caneta
Apenas mais uma folha em branco...

Que se desgasta e vai amarelando
Corroída pelo tempo, mas com a poesia.
Até o mais triste dos lamentos é bonito de se ver
Agora basta de escrever.



Mais um cigarro?

Olhos cansados cabeça a mil
Deito-me pra dormir
E parece que em minha mente
O filme da minha vida passa a rodar

Café, cigarros e caneta.
Mais uma maldita noite
Olho em volta
Apenas luzes brancas

Quero fugir
Mas minha consciência diz
Que devo ficar para poder sair
É... estou realmente neurótico

Andando de um lado para outro
O sono dos justos me escapuliu
Há muito deixei de ser justo
Mas vamos lá, mais um cigarro.

E com sorte eu acordo...

Despertar dos mortos

Despertar dos mortos
Da minha mão
Pesada e cansada
Palavra nenhuma há de sair
A festa literária acabou

Se agora escrevo aqui
És com sangue de minha mão
Que jaz cansada, enclausurada.
Que nessas linhas se guarde um pouco de paixão

Para que ao despertar
Lembra que a mão que bate
É a mesma que lhe dá caricias a noite
E a mão, que culpa tem?

Obrigada a escrever sobre essas linhas tortas
Parece-me que foi ameaçada
Sonho com o dia em que
Milhares de mãos inertes passem a escrever

Mar de estrelas

Em que olhar deve pensar
No que melhor me refletir?
Alguém com o mesmo brilho

Fogo grego que sempre queima
Que enche de palpitações
Fogo vermelho e azul
Onde devo por a mão?

Se é que está pegando fogo
Ou é apenas tinta vermelha
Desenhada pelo melhor artista
Da cidade do vácuo, onde não existe fogo.

Que fim esta trama
Vai tomar?
Eu é que não quero saber
Já me queimei com o fogo que nunca acendeu


Sonhar

Lagrimas que se acumulam
E juntar formam as poças de pensar
Que fornece a grande teia
Para o mais belo dos sonhos

Acorda, dorme
Escova o coração
Dorme na calma da alma
Acorda e escava a realidade

Esperamos ansiosamente
Como o tempo que não passa
Olha só como choram coitados
Era tão jovem e cheio de vida

Mas dizem que dentro do seu olhar
Até o coitado do tempo se perdeu

América Latina

Um povo sem pátria
Uma pátria despovoada
Pelo terror dos mares
Um continente sem face

O que fazer dessa gente
Retalho de culturas
Passado esquecido
Origem "primitiva"

Quando o progresso
Virou sinônimo de extermínio eu não sei
Mas queria mesmo saber
Quando o braço forte há de se levantar

E na escola o menino a me perguntar
-Professor o que são direitos humanos?
Eu cabisbaixo respondo:
Uma lenda.

Mulheres

No silencio do quarto
Por de traz da porta
Na escuridão noturna
Fico a espreitar

Ver se você aparece
Ordena-me esqueça
Eu a vejo noite e dia
Devo estar próximo do fim

Há tempos não escrevia para ti
Mas essa aqui, meu orgulho.
Teima em não deixar enviar-te
Que fique guardada como um lembrete

Continuam a falar de ti
Se tu és o caso do meu mártir, não sei.
Que isso fique entre nós

Luneta para ver encrenca

Fico a escutar
As pessoas a falar
Dou corda nas relações
E as pessoas a reclamar

Mas o problema então
Começo a perceber
Falar e resmungar
Mas sem sair do lugar

Quebre a rotina
Nem que seja por uma palavra
Zona de conforto, só ha de te alienar.
Vamos acordar para a guerra social

Despertem dos mortos
Vamos a pensar
Basta de migalhas
Agora eu quero é pegar você!